quinta-feira, 22 de novembro de 2012

As cerejinhas do bolo da Elis



Dia do músico: fechado pra balanço!

Ao balanço:
Bonito esse ano de 2012, ano de festa em homenagem aos 30 anos de saudade da pequena maior cantora brasileira de todos os tempos: Elis Regina, Dona Hélice.
Na organização: João Marcello, seu primogênito;
Nos bastidores: Allen Guimarães, seu grande fã, eu diria um amigo (póstumo);
Na animação: sua caçula, Maria Rita;
Na lista de convidados: todo o povo brasileiro, o povo dela. Os saudosos que a mantiveram por esses 30 anos cantando pelos cantos do país, aqui e acolá; os esquecidos que fizeram questão de relembrar; os jovens curiosos que já passeavam por sua voz nos sebos, livrarias e sites em que se encontra, os jovens desavisados que tiveram uma senhora surpresa, e até os pequenos que se perceberam aprendendo a falar, cantar, jogar, brincar de roda com a Elis.
E a festa começou:
Primeiro uma exposição correndo o país, com tudo o que os dias de hoje nos dão direito: imagens, textos, vídeos, histórias, entrevistas em várias mídias, e muita música por todos os lados. Um lugar onde se vai buscar o abraço da Elis, conversar com ela, aprender, agradecer.
Ao mesmo tempo foram acontecendo shows, cinco deles, nos cinco cantos do Brasil.
Debaixo do céu: um palco azul, um público enorme e uma cantora-filha contando e cantando a história de uma cantora-mãe-cidadã-artista-guerreira ainda e sempre presente. E aí o Brasil gargalhou, cantou junto, chorou, pulou, relembrou, se renovou, redescobriu, pediu bis.




A exposição virou livro, a biografia Viva Elis, cuidadosamente reunida pelo então escritor Allen Guimarães (aquele amigo). Conta a vida de Elis por meio de dados, entrevistas, fotografias, depoimentos dela, de amigos, colegas, toda a gente da maior importância, numa linha do tempo de 36 anos que mais parecem 106, tamanha a quantidade e qualidade de discos e shows e programas e manifestos e fatos e histórias, tamanha a vontade de viver, e vive.
Um livro pra se ler de um trago só, que nem vinho, que quando vê já está bêbado com a garrafa vazia. E depois ler de novo, saboreando, com a discografia do lado, pra ouvir e entender cada música citada. E depois ler de novo assistindo aos vídeos e programas pra entender as interpretações. Como ela mesma diria: É um porre de ano novo, com toda a euforia, tudo o que vem antes e depois. É a primeira cereja do bolo, tem que ler!
O show virou turnê e depois CD e DVD, a segunda cereja: Redescobrir. É o relato da festa, a pura homenagem à artista, sem sensacionalismo nem distorções. Os arranjos, a interpretação (voz e gestos inteiros, abertos, bem marcados, bem pronunciados, postos pra fora, entregues), a emoção, a participação do público, o envolvimento dos músicos e de toda a equipe, a alegria, é tudo sincero e verdadeiro. O show termina, mas não acaba, o público continua cantando e o objetivo está alcançado: Elis Regina continua....



E de repente a gente se vê dando mais valor à arte, dando mais utilidade a ela, reunindo mais os amigos, usando os lábios pra beijar a menina, na rua, escrevendo pra família, estando mais atento e alerta à violência, brigando por paz, não mais achando a morte normal, falando com Deus, vestindo mais azul, brincando mais de roda.

Feito o balanço do ano, ficam as duas preciosas cerejas, ficam as aulas de um dos melhores lados da história do Brasil, fica a voz dela ecoando ainda mais forte por aí, fica um 'muito obrigada' a João Marcello, o primogênito, a Allen Guimarães, o fã amigo, à caçula, Maria Rita. E permanece a saudade, porque saudade também é uma forma de ficar. 

Bonito esse dia, do músico.

2 comentários:

  1. Reli e re-chorei.


    "...tamanha a quantidade e qualidade de discos e shows e programas e manifestos e fatos e histórias, tamanha a vontade de viver, e vive."

    =´)

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