segunda-feira, 26 de março de 2012

Um novo conceito de Conservação

Esse post vai para arquitetos e simpatizantes, que alguma vez já se perceberam indecisos quanto a soluções  para projetos de intervenção em áreas de patrimônio histórico. Como intervir num patrimônio, sem descaracterizá-lo? Como oferecer soluções originais, sem cair no vício do pastiche e repetição do passado? Como fazer de um patrimônio, um espaço contemporâneo e atual? 

O arquiteto mineiro Gustavo Penna, mostra uma alternativa louvável no projeto de requalificação urbanística e arquitetônica da área central do município de Araxá - MG.

Perspectiva - maquete eletrônica. Fonte: Penna, 2011.
 No local da praça central tem-se o início do povoamento em Araxá, datado da década de 1770. Trata-se de um largo formado pelo cruzamento da trilha de garimpeiros que seguiam rumo ao ouro, e do caminho dos tropeiros. Em direção ao barreiro, segue a Av. Imbiara, palavra indígena que significa Caminho das Águas, águas estas tidas como medicinais. É nas imediações deste largo que se localizam os principais edifícios históricos da cidade que ao longo do tempo foi perdendo seu caráter de local de convívio devido ao impacto trazido pelo trânsito.

Primeira intenção: Traçar um percurso central que culmine em um equipamento que convide à permanência e convívio. Num resgate ao espaço público de convívio e contemplação.
O caminho é moldado em função do entorno, destacando as visadas que ainda guardam os principais edifícios que marcam a memória da cidade.
O caminho termina na cobertura do edifício proposto para o Centro Cultural, que abriga um mirante sobre um espelho d’água. Todo o conjunto faz alusão ao tradicional Caminho das águas, que leva ao Barreiro e guarda as águas tidas como medicinais. 
O trajeto central e livre prioriza o pedestre, criando um fluxo dirigido e confortável, protegido por uma linha arborizada, que indica o alinhamento da igreja Matriz de São João Domingos com o Cristo Redentor.

Implantação geral. Fonte: Penna,2011.
O edifício se esconde na topografia, se submetendo ao ato de contemplação do centro histórico, e se abre gradativamente até o encontro com a praça. Está presente a relação mútua entre exterior e interior, e a adaptação à topografia. Fortes características de Gustavo Penna.




Um atual e inovador convite ao convívio e permanência e à contemplação do passado. Um chamado à continuidade.